Superestimação do custo da dívida onerosa pela abordagem contábil tradicional de cálculo – um estudo exploratório no segmento Tradicional da BOVESPA

Resumo

Amplamente disseminado na literatura especializada e utilizado por investidores, profissionais do mercado financeiro e, principalmente, pesquisadores de diversas áreas, o enfoque contábil clássico prega o cálculo do custo da dívida onerosa através da divisão da despesa financeira pelo saldo do passivo oneroso. Todavia, o emprego de tal abordagem na apuração de taxas efetivas confiáveis pode ser considerado um experimento aleatório com probabilidade de sucesso quase nula: em virtude de o tratamento contábil em vigência contemplar na composição da despesa financeira itens sem nenhuma relação com a dívida onerosa, o enfoque contábil clássico tende a cometer o equívoco de obter respostas superestimadas. Destarte, este trabalho tem por objetivo analisar a superestimação imputada ao custo da dívida onerosa pela abordagem contábil tradicional de cálculo no âmbito das empresas não financeiras listadas no segmento Tradicional da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA). A construção e a organização dos resultados têm como instrumentos de execução tópicos fundamentais de estatística. As 98 (noventa e oito) empresas selecionadas percebem taxas efetivas superestimadas aos custos de suas dívidas onerosas; as menores intensidades das superestimações, limitadas ao primeiro quartil, variam de 1,15% a 28,36%; as maiores, partindo do terceiro quartil, oscilam de 113,27% a 595,67%; 12 (doze) empresas integram o subgrupo correspondente aos outliers da distribuição, com observações iniciadas em 242,72%. Devido à participação direta do custo da dívida onerosa no processamento de quase todos os indicadores da avaliação do desempenho econômico, faz-se indispensável incentivar a realização de pesquisas voltadas à popularização do desserviço prestado pela abordagem contábil tradicional de cálculo.