A Gestão Estratégica de Custos nos Cursos de Pós-Graduação stricto sensu em Ciências Contábeis no Brasil

Resumo

O estudo analisa como a Gestão Estratégica de Custos (GEC) é abordada nos cursos de pós-graduação stricto sensu em Ciências Contábeis no Brasil, dada sua relevância para preparar docentes aptos ensinar esse conteúdo. Embora reconhecida para a competitividade empresarial, a GEC mantém presença periférica no ensino superior. Assim lacuna identificada está no contraste entre sua importância estratégica e a baixa inserção nos currículos da pós-graduação, o que impacta a formação de profissionais na graduação, já que os futuros docentes tendem a reproduzir tal deficiência. A metodologia utilizada para a pesquisa foi qualitativa, exploratória, baseada em análise documental de grades curriculares e ementas de 37 Instituições de Ensino Superior. Utilizou-se análise de conteúdo categorial (Bardin, 2016) para identificar a presença de 14 artefatos gerenciais definidos por Slavov, Borinelli e Rocha (2024). Os resultados evidenciam alta heterogeneidade: disciplinas intituladas “Gestão Estratégica de Custos” coexistem com “Análise de Custos” ou “Controladoria”, sem correspondência uniforme nos conteúdos. O artefato mais recorrente foi o Custeio Baseado em Atividades (ABC/ABM) (43%), seguido por Gestão do Custo-Alvo (38%) e Gestão de Custos Interorganizacionais (35%). Por outro lado, Open-book Accounting e Custos para Servir foram identificados em apenas 5% dos cursos, e Custos de Transação em Associações Colaborativas não apareceu em nenhuma disciplina. Conclui-se que a GEC é tratada de forma desigual e, em muitos casos, superficial, comprometendo a formação docente e perpetuando práticas pedagógicas desatualizadas. Recomenda-se revisão curricular para fortalecer a abordagem estratégica e alinhar os conteúdos às exigências do mercado e às transformações da área contábil.