Desperdício de vacinas contra o HPV no Brasil (2018–2024): magnitude, custos e implicações para o SUS

Resumo

O objetivo deste estudo foi analisar a magnitude e as implicações do desperdício de vacinas contra o papilomavírus humano (HPV) no Brasil entre 2018 e 2024. Trata-se de uma pesquisa documental, baseada em dados oficiais do Programa Nacional de Imunizações obtidos via Lei de Acesso à Informação, complementados por contratos de aquisição e referências internacionais de preços. Foram avaliados os volumes distribuídos, as doses perdidas e os custos estimados. Identificou-se o desperdício de 118.428 doses, correspondendo a um custo direto de aproximadamente R$ 6,5 a R$ 7,2 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). As perdas ocorreram de forma heterogênea entre as Unidades Federativas, com destaque para Mato Grosso e Bahia, que concentraram mais de 60% do total nacional. As principais causas relatadas foram validade vencida e falhas logísticas, indicando que o problema é mais estrutural do que conjuntural. Conclui-se que o desperdício vacinal, além de reduzir a cobertura populacional, representa um importante custo de oportunidade em um sistema historicamente subfinanciado, exigindo políticas públicas voltadas à racionalização do gasto, monitoramento em tempo real e capacitação contínua das equipes de imunização.