Enchentes de 2024 no setor elétrico gaúcho: sistematização de custos e proposição de ferramenta para gestão de riscos climáticos

Resumo

A intensificação dos eventos climáticos extremos no Brasil tem revelado fragilidades operacionais em setores essenciais, como o setor elétrico. As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024 evidenciaram a vulnerabilidade das empresas do setor frente a desastres ambientais de grande escala, gerando impactos significativos nas operações e para a sociedade. Dado o contexto, compreender e sistematizar os custos decorrentes desses eventos torna-se fundamental para a compreensão e categorização estruturada desses custos. Este estudo tem como objetivo identificar, classificar e dimensionar os custos associados às enchentes de 2024 no setor elétrico gaúcho, propondo o uso de uma Matriz de Priorização Temporal de Custos Climáticos como ferramenta de sistematização. A pesquisa adota abordagem qualitativa, com base em dados secundários, para estruturar categorias de custos e apontar seus principais impactos. A relevância do estudo está na iminente necessidade de aprimorar a gestão de riscos e fortalecer a resiliência climática de setores essenciais. Os resultados revelam que os custos se concentraram principalmente no segmento de transmissão (R$ 365 milhões em custos adicionais), seguido pela geração (R$ 106 milhões) e distribuição (R$ 27 milhões), evidenciando a predominância de custos diretos de alto impacto executados de forma imediata. Como principal contribuição, desenvolveu-se a Matriz de Priorização Temporal de Custos Climáticos, ferramenta que relaciona severidade dos impactos à manifestação temporal, permitindo a priorização estratégica de recursos e fortalecimento da resiliência climática. Os achados oferecem subsídios para tomada de decisão empresarial, formulação de políticas públicas de adaptação climática e priorização de investimentos em infraestrutura.