O custo do emagrecimento: desafios e soluções do tratamento medicamentoso para a obesidade

Resumo

A obesidade é uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo e está associada a diversas comorbidades que agravam o estado de saúde dos indivíduos. Nesse contexto, os tratamentos medicamentosos têm ganhado relevância, especialmente os análogos ao GLP-1 (Glucagon-like Peptide-1) e ao GIP (Gastric Inhibitory Polypeptide). Contudo, o alto custo desses fármacos constitui uma barreira significativa para a adesão dos pacientes. Este artigo teve como objetivo identificar os principais desafios e possíveis soluções relacionados ao custo do tratamento da obesidade, a partir de entrevistas com médicos endocrinologistas e da literatura científica. Os resultados evidenciam que a continuidade terapêutica é frequentemente limitada por dificuldades financeiras, agravadas pela concentração do mercado em poucas empresas, pelo preconceito associado ao uso de medicamentos para emagrecimento e pela banalização do tratamento. Soma-se a isso a escassez dos fármacos nas farmácias, impulsionada pela crescente demanda, além da circulação de versões falsificadas a preços reduzidos, que ampliam os riscos aos pacientes. Entre as soluções apontadas estão a quebra de patentes, a inclusão desses medicamentos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do SUS, a padronização de preços, a exigência de prescrição médica, a ampliação da cobertura pelos convênios e a compra em farmácias licenciadas. Também foram destacadas medidas preventivas, como a promoção de educação alimentar e a regulação do consumo de ultraprocessados. Assim, conclui-se que políticas públicas, regulação do mercado e transformações culturais são fundamentais para viabilizar um tratamento contra a obesidade mais acessível à população.